Na Roça Santi
A cascata da gruta de Santa Fé e a taberna pitoresca de Santa Mocamba
Caminhada. Duração do passeio: toda a manhã e o tempo do almoço. Tempo de caminhada: cerca de 3h ½.
Saída da Casa Ediana pelo percurso pedestre PP MZ 03: um trilho estreito serpenteia por uma zona arborizada de densas plantações, principalmente de cacau e palmeiras, descendo até a uma pequena torrente que se atravessa por algumas pedras; subimos a ribanceira da torrente e acabamos na estrada nacional entre Trindade e Batepá. Após percorrer cerca de 200 metros na estrada no sentido da descida, tomamos um largo caminho transitável que sobe suavemente pelas terras da Roça Santi, com plantações de cacau bem cuidadas, onde o PP MZ 03 forma um troço comum com o PP MZ 07 (Trindade – Gruta de Santa Fé). Chegamos então a outra estrada de asfalto (Trindade – Milagrosa), que atravessamos para entrar em um caminho de mato montanhoso. Chegamos um pouco mais tarde à impressionante entrada da caverna: na verdade, um desfiladeiro estreito e profundo de tipo “canyon”.
A entrada deste canyon, sob uma abóbada rochosa, costuma ser o local de cerimônias religiosas, oficialmente católicas, mas ligadas a práticas de cultos sincréticos; você verá as pequenas lamparinas a óleo e os vestígios de ofertas deixados pelos fiéis. Para chegar à cascata, é preciso entrar no desfiladeiro caminhando na torrente, geralmente com água até os joelhos, às vezes até a cintura ou estômago (depois de uma chuva). O fundo do desfiladeiro se alarga em um circo rochoso, onde cai uma cascata de cerca de vinte metros; a bacia escavada por sua queda permite um agradável mergulho em águas frias.
No caminho do regresso, na entrada da Roça Santi, parada para almoço em um lugar chamado Santa Mocamba: um terreno gramado em declive, sombreado por algumas arvores altas, que serve de ponto de encontro para os vianteiros (os trabalhadores que tiram o vinho de palma) nas finais de semana e, ainda mais, durante a celebração da festa do santo, no primeiro fim de semana do mês de Julho. Curiosamente, a estátua de madeira que fica em um minúsculo oratório (em frente ao qual se acumulam oferendas e ex-votos) representa um personagem bigodudo e barbudo: Santa Mocamba (que não aparece em nenhum calendário católico), considerada padroeira dos vianteiros (os quais são todos homens, enquanto as mulheres no setor dedicam-se exclusivamente na comercialização do vinho), tornou-se aparentemente muito masculinizada.
O local conta com um bar-restaurante rústico cujo dona serve excelente gastronomia popular por preço barato. Especialidades da casa (entre outras): o cozido de porco salgado e o huambe de bunzios do mato (caracóis grandes servidos com molho de azeite de palma e beringela esmagada). Todos os pratos são acompanhados por banana-pão cozida e fruta-pão. Obviamente, degustação de vinho de palma. Mas também recomendamos, como digestivo, um copo de Umplami umplabo (literalmente, em crioulo, Um para mim, um para você), um excelente rum local com sabores amadeirados, cuja receita da casa fica segreda.
Regresso em menos de uma hora para a Casa Ediana e Casa Tiago; a menos que queira aproveitar o final da tarde para dar uma voltinha pela cidade da Trindade: da Roça Santi, o caminho PP MZ 07 leva direto à praça da cidade, também em menos de uma hora. Mais tarde, levará meia hora para voltar a pé da Trindade a Belém.
Como a excursão inclui essa subida da torrente a pé, deve-se planejar seu equipamento de acordo: maiô, sandálias de borracha, bolsa impermeável a levantar na cabeça para manter a roupa e a máquina fotográfica secas. Também pode decidir deixar a sua saca com os seus pertences e, em particular, algo para trocar após o banho, no bar-restaurante Santa Mocamba na viagem de ida; a dona cuidará disso até você voltar para o almoço.
Se esta caminhada for no final da semana, atendendo à multidão no bar-restaurante (vianteiros que vêm ali para relaxar do seu trabalho árduo, muito físico, e gente da capital que passam sábado ou domingo em libações abundantes neste lugar de altitude), é melhor reservar sua mesa por telefone. Faremos se você solicitar.
Os pratos servidos são generosos em quantidade. A especialidade de porco salgado é vendida por doses de um quilo (ao preço de 6 euros): portanto, providencie uma dose para 2, ou mesmo 3 pessoas. Quanto aos búzios, dois pratos para três pessoas podem ser suficientes, principalmente se você tiver mordiscado um pequeno lanche (bananas secas, amendoim torrado, pala-palas de banana ou de matabala…) na gruta de Santa Fé na hora do banho.
Se você tem filhos pequenos que não queria carregar nos ombros ao caminhar na torrente da gruta, pode simplesmente dar um passeio até a entrada do desfiladeiro, sem ir até à cascata: só a caverna na entrada já merece uma visita, e as paisagens do passeio são de grande encanto. Em Santa Mocamba, se levou consigo um pouco de milho, o seu filhote, atirando os grãos, poderá ter o prazer de ver, pousando no chão num grande farfalhar de asas, os numerosos pombos dos dois pombais aninhados nas árvores acima do oratório.
Sugerimos que faça este passeio com guia, devido ao percurso a pé na torrente. Permitirá também estabelecer mais facilmente o contacto com os clientes que frequentam o bar-restaurante da Santa Mocamba. Remuneração do guia (Dálio ou Arcádio) pelo dia: 30 euros. Preço da refeição: 4 a 7 euros por pessoa (bebidas excluídas), incluindo um pequeno lanche durante o mergulho na cascata (que o guia irá preparar para você).