Casa Ediana e Casa Tiago fazem parte da associação PTP SANTOLA: uma associação que pretende que o turismo que se começa a desenvolver no arquipélago seja uma oportunidade de encontros e intercâmbios.
A ideia que fundamenta esta associação é a seguinte. Em muitos dos chamados países “em desenvolvimento”, o turismo internacional é uma fonte de tensão social: os turistas despertam um sentimento de inveja na população local e, involuntariamente, fomentam frustração entre aqueles que não tem os meios para adquirir os bens de consumo que os estrangeiros exibem. O turismo torna-se assim uma das causas da emigração para países onde os jovens pensam que aí, na Europa e na América, a vida é fácil e que se vão gozar dos prazeres do paraíso. Ao mesmo tempo, os turistas visitam às nossas ilhas porque pensam que uma ilha tropical é necessariamente uma imagem do Jardim do Éden; mas, desse Éden, na maioria das vezes eles só terão uma visão fantasma; por falta de tempo e oportunidade de conhecer os moradores, não tomam conhecimento sério das pessoas e dos modos de vida que vão constatar durante as férias.
Temos a sorte de viver num arquipélago bastante privilegiado pela natureza (beleza das paisagens, fertilidade do solo) e de ter, apesar de uma história agitada e por vezes dolorosa, criado uma arte de viver baseada na frugalidade, no convívio, na expressão artística e gosto pela beleza espalhado pela população, onde calma e bom humor são considerados a virtude suprema.
Precisamos realmente conhecer vocês, visitantes; isso abrirá os nossos horizontes insulares um tanto restritos. E temos certeza que, do seu lado, vocês tem muito a ganhar em entender o nosso modo de vida, o nosso jeito de ser, a maneira como temos de superar nossas dificuldades; a nossa filosofia “leve-leve”.
Daí o nosso empenho em promover um turismo diferente, um turismo de proximidade.
Por isso, de acordo com o regulamento da PTP SANTOLA, temos o compromisso de garantir que o nosso relacionamento com nossos hóspedes não seja apenas comercial; faremos todo o possível para que conheçam o país “por dentro”, acompanhando-os aos locais que gostamos de frequentar (bares, festas populares, bailes), guiando-os em excursões ou passeios. dando-lhes um gostinho da gastronomia local e explicando-lhes a nossa sociedade e cultura santomense.
Quiosque Belém
Um "corta mato" com escadas
lavando na lavandaria
Claro, você tem todo o direito, ao ficar na Casa Ediana ou na Casa Tiago, de tomar as chaves da casa no dia da sua chegada e devolvê-las no dia da partida depois de ter feito a sua estadia como você quer sem usar os nossos serviços; não ficaremos chocados. Todas pessoas têm direito a ficar sozinhas, em casal ou em família para passar as férias, e ninguém deve se sentir obrigado a criar laços com novas pessoas. Mas saiba que os membros da associação PTP SANTOLA estão aí para abrir as portas da nossa ilha, se assim o desejar.
O período mínimo de permanência nas nossas casas é de dois dias. Mas estamos tentando encorajar estadias mais longas (10 euros de desconto por noite a partir do quinto dia). Ficando mais tempo, você será capaz de estabelecer relações com os seus vizinhos da aldeia: a família da Senhora Sila, de quem você pode comprar ovos das suas galinhas, que vêm bicar no nosso jardim ou pousam em tumulto no telhado das casas para tomar banhos de sol – galinhas voam alto em São Tomé; Senhora Tia, que faz iogurtes caseiros a vender; Wilson, que poderá abastecê-lo na estação com tomates, pepinos, pimentões e, durante todo o ano, com a cerveja nacional, da qual ele é o revendedor local; mas também todas as outras que não têm nada para lhe vender, que trabalham na construção, ou como lenhadores, ou pequenos funcionários, e essas mulheres que, depois de um dia na lavandaria e no trabalho doméstico, vem passar alguns minutos a conversar nos bancos de madeira à beira da estrada e gostariam de saber mais sobre a sua vida na Europa, a forma como vocês resolvem os seus problemas de lavagem e engomagem de roupa ou a forma como criam os seus filhos. E quem está morrendo de curiosidade por vocês são todas as crianças da vizinhança, que vão brincar com as suas e vê-los entrar e sair com olhos enormes cumprimentando-o com um “Olá! Tudo bem?”. Faz favor de trazer fotos da sua casa, de aspetos da vida cotidiana na Europa, para mostrá-las às pessoas que você vai conhecer; assim, você vai possibilitar que elas viajem um pouco.
Visite Belém; a vida nas ruas, e por trás das fachadas das casas.
Em primeiro lugar, importa ver Belém como a aldeia se mostra da estrada. Convidamo-lo a percorrer esta estrada a pé (à direita, no sentido da descida, ao sair da Casa Ediana ou da Casa Tiago); não é muito frequentada por carros, mas, portanto, ande bem nos corredores laterais. Você vai passar em frente de lavandarias onde as mulheres batem a roupa com energia (todavia, isso se vê menos, agora, porque, nos últimos anos, a maioria das casas tem se beneficiado de ligação a água encanada no jardim); você dará uma olhada discreta (nenhuma foto sem pedir permissão) pelos portões geralmente abertos, em frente aos quais as crianças brincam e os cachorros bocejam. Você verá que os “quiosques”, essas pequenas barracas de madeira e lata à beira da estrada onde você pode comprar produtos básicos (arroz, esparguete, molho de tomate, óleo, açúcar, sabão, detergente; e às vezes, algumas frutas e verduras da horta), também são lugares de convívio: bebe-se no balcão cervejas e refrigerantes conversando animadamente, chama-se os passantes, os homens cortejam delicadamente as lindas meninas que vêm fazer suas compras – que não deixam de responder com palavras mordazes. Notará que, em São Tomé tal como em Itália, como dizia um humorista, a linguagem corporal, e em particular o movimento das mãos, é de certa forma a hélice que propulsa o pensamento. Alguns quiosques, por além da rotunda do caroceiro, tem mesas a beira da estrada onde servem pratos de comida de preço barato. Pare, beba ou coma, cumprimente, sorria; você vai se sentir rapidamente inserido na vida local.
Aconselhamo-lo também a percorrer os numerosos pequenos caminhos que os locais chamam de “corta-mato”, que saem da estrada e serpentem entre as casas. Você descobrirá que o habitat é muito mais denso do que parece quando ficamos na estrada; muitas casas estão aninhadas na vegetação atrás das outras. Visitando os bastidores, você aprenderá muito sobre o modo de vida dos Santomenses. De particular interesse a este respeito são os caminhos, sinalizados por nós, numerados PP MZ 02, PP MZ 08 e PP MZ 09.
Por último, como já dissemos, Arcádio e Dálio o levarão com prazer, ao seu pedido, nas festas que fazem uma boa parte do prazer da vida em São Tomé e Príncipe: as festas paroquiais – com as suas procissões, seus espetáculos de teatro de rua, suas barracas de andalas onde se comem espetadinhas de búzios e peixinhos grelhados, suas orquestras que fazem dançar na praça pública casais de todas as idades; os fundões, aqueles bailes de sábado à noite típicos das sociedades de aldeia; noites em discotecas, muitas vezes ao ar livre, onde você pode ouvir música eletrônica e “música do mundo”. Pode ir com eles tomar uma bebida nos pequenos bares onde os proprietários e clientes não têm muitas vezes a oportunidade de falar com estrangeiros e ficarão felizes em lhe fazer várias perguntas (e em elogiar o nosso país, os Santomense geralmente tem muito orgulho da sua pátria); ou em pequenos abrigos no meio do mato onde os nativos se encontram para beber vinho de palma.
Não vivemos só de diversão, claro, em São Tomé como noutros países. Produzir vinho de palma é um trabalho árduo; da mesma forma, colher cacau, capinar no cafezal, regar abacaxis… Iremos levar você às plantações onde vai poder constatar isso no sítio. Também poderá ter interesse em visitas guiadas com Dálio de pequenas empresas que processam produtos locais: fábrica artesanal de óleo de palma, fabricação de óleo de coco, de óleos essenciais para perfumes e produtos de beleza, plantação de flores tropicais para exportação…
Se tiver a possibilidade de escolher as datas da sua estadia, é interessante tomar em conta o seguinte calendário. Os festivais com espetáculos de rua decorrem em cerca de trinta locais da ilha, durante as duas estações secas: final de Maio a final de Setembro (a “gravana”); e a “gravaninha”, de final de Dezembro a Fevereiro (a data de encerramento deste período de festas depende da data em que começa a Quaresma, estamos em um país católico e não são permitidos festejos públicos depois do Carnaval, até à Páscoa). Festivais mais próximos das nossas casas, e acessíveis a pé, sem precisar de veículo: a festa de Deus Pai, na Trindade, no fim-de-semana mais próximo do 1° de Junho; a festa de Santa Mocamba, no primeiro fim-de-semana de Julho; a festa de Nossa Senhora Peregrina em Batepá no fim-de-semana mais próximo de 15 de Agosto; a festa de Nossa Senhora de Nazaré, mais uma vez na Trindade, no primeiro fim-de-semana de Setembro; a da Capela, no segundo fim-de-semana de Fevereiro; e, claro, a festa do Bom Jesu em Belém (espetáculo de rua na frente da Casa Ediana), no último fim-de-semana de Julho.
Outros eventos festivos locais: as três “Festas do mato”, festivais de música ao vivo organizados no meio da floresta perto da Trindade em Junho, Julho e Agosto. A corrida de trotes de fabrico local entre Monte Café e Trindade, no final de Maio.
Alegrem-se connosco!